Leilão A-5 tem baixa contratação, mas viabiliza R$ 3 bilhões em investimentos
Fonte solar fotovoltaica emplacou 20 projetos que vão atrair R$ 900 milhões; primeira térmica de resíduos sólidos ficará em Barueri (SP)



O leilão de energia nova A-5, realizado nesta quinta-feira (30/9), resultou na contratação de 40 empreendimentos, viabilizando pouco mais R$ 3 bilhões em novos investimentos. O preço médio foi de R$ 238,37/MWh, com deságio de 17,48%, o que representou uma economia de R$ 1,26 bilhão para os consumidores de energia de todo o País.
Os projetos se dividem em 20 fotovoltaicos, 11 eólicos, 8 térmicas, incluindo uma usina de resíduo sólido urbano, e um único empreendimento hidrelétrico. No total, houve a contratação de 151 MW médios que permitirá adicionar 860,8 MW de potência à matriz elétrica brasileira.
"O leilão foi muito bem sucedido porque obteve sucesso ao atender toda a demanda declarada pelas distribuidoras", disse André Patrus, gerente Executivo da Secretaria Executiva de Leilões na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Participaram como compradoras as distribuidoras de energia elétrica Equatorial Energia Pará (Celpa), Equatorial Energia Maranhão (Cemar), CPFL Jaguari (SP), CPFL Paulista e Light (RJ).
Leia mais: Leilão A-5 deverá ter baixa contratação de energia, apontam consultorias
Com o maior número de empreendimentos, a fonte solar fotovoltaica viabilizou investimentos da ordem de R$ 900 milhões. O preço médio de venda foi R$ 166,89/MWh, com deságio médio de 12,63%. Os projetos serão desenvolvidos em São Paulo (16), Ceará (2) e Piauí (2).
A fonte eólica totalizou R$ 633 milhões em investimentos, com preço médio de venda de R$ 160,36/MWh, deságio médio de 16,04%. Os projetos se localizam na Bahia (5), Rio Grande do Norte (5) e Pernambuco.
Realinhamento de preços das renováveis
Segundo Erick Rego, diretor de Estudos de Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os preços das fontes eólica e solar estão superiores aos verificados em 2019, sinalizando um realinhamento de preços devido ao fim dos subsídios no transporte de energia. "Esses projetos não vão fazer jus ao subsídio da TUST e da TUSD", disse o executivo durante coletiva de imprensa.
As térmicas a biomassa somam R$ 1 bilhão em investimentos, com preço médio de venda de R$ 271,26/MWh e deságio de 25,68%. Os projetos estão espalhados por Alagoas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Geras (2) e São Paulo (2).
A usina de resíduo sólido urbano Barueri vai custar R$ 520 milhões para ser construída. O preço médio de venda de R$ 549,35/MWh representou um deságio de 14,06%. Patrus destacou que o resultado mostra que a tecnologia de waste-to-energy (WtE) é viável no Brasil e tem competitividade.
O presidente do conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rui Altieri, avaliou positivamente o resultado do leilão. “ A perspectiva é que o próximo leilão de reserva de capacidade tenha grande participação de térmicas já habilitadas.”
Ele destacou a primeira participação da tecnologia de resíduo sólido urbano em um certame. “É uma fonte em desenvolvimento. É natural que o preço seja mais alto, acontece com qualquer uma nesse estágio. Basta ver a evolução da solar”, disse Altieri.
A UHE São Roque, localizada em Santa Catarina, não vai gerar investimentos novos, mas vendeu energia ao preço de R$ 174,27/MWh, sem deságio. O empreendimento já tinha outorga e contrato de energia e por isso não houve deságio.
O diretor do Departamento de Planejamento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Thiago Prado, lembrou que uma das inovações desse leilão foi o encurtamento em 5 anos dos prazos contratuais de todas as fontes. "O efeito dólar também pode ter contribuído para os preços finais dos projetos de geração", pontou o representante do governo.
Com o prazo menor, explicou Prado, busca-se capturar as variações de preços com as inovações tecnológicas e reduzir ao máximo os contratos legados, para assim permitir a ampliação do mercado livre com novos mecanismos de contratação de energia.
Todos os empreendimentos precisam entrar em operação em janeiro de 2026.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

Wagner Freire
Jornalista com Bacharel em Comunicação Social pela FMU e pós-graduado em Finanças. Especialista com mais de 10 anos de experiência na cobertura do mercado de energia elétrica, tendo trabalhado no Estadão, CanalEnergia, Jornal da Energia, Revista GTD e DCI.
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