Emissões de termelétricas cresceram 29% no Brasil em 2024

Usinas emitiram 23,2 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente ao longo do ano, mostra estudo do IEMA

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A geração de eletricidade a partir de usinas termelétricas a combustíveis fósseis voltou a crescer no Brasil em 2024, após dois anos de retração, e resultou em um aumento expressivo das emissões de gases de efeito estufa (GEE), mostra estudo publicado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). 

De acordo com o documento que analisou as 67 usinas termelétricas fósseis conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), essas plantas emitiram 23,2 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (tCO₂e) no ano – maiores do que a soma das emissões totais dos estados de Sergipe e Rio Grande do Norte juntas, um crescimento de 29% em relação a 2023. 

O sistema elétrico voltou a recorrer às usinas termelétricas fósseis para garantir potência e estabilidade operativa, em um contexto de desafios estruturais associados à integração da crescente geração eólica e solar ao SIN. A geração termelétrica fóssil total passou de 64 TWh em 2023 para 74,4 TWh em 2024, um aumento de 17%.  

Considerando apenas as usinas fósseis que efetivamente injetaram eletricidade no Sistema Interligado Nacional (SIN), a geração inventariada somou 39,5 TWh, com predominância do gás natural (75%), seguido pelo carvão mineral (23%), enquanto óleo combustível e óleo diesel tiveram participação residual, inferior a 2%. Ao todo, as 43 plantas a gás natural geraram 29,8 TWh. 

O aumento do acionamento termelétrico ocorreu em um ano de crescimento histórico da geração de eletricidade no país, com expansão de 43 TWh em 2024, que levou a geração total do SIN a cerca de 751 TWh.  

Considerando o consumo médio residencial de 165 kWh/ mês, o valor referente à expansão seria suficiente para abastecer 21,5 milhões de residências por um ano. Em 2023, este número era de 708 TWh. Esse crescimento foi sustentado principalmente pelas fontes solar e eólica, responsáveis por 108 TWh (14%) e 71 TWh (9%) da geração nacional, respectivamente. 

“Os dados do inventário mostram que, mesmo em um contexto de forte expansão das renováveis, o despacho fóssil seguiu acionado. É fundamental construir caminhos que reduzam gradualmente a dependência dessas fontes fósseis de geração de energia, permitindo que o sistema renovável assuma um papel central, alinhado às metas de redução de emissões do país e à segurança do suprimento”, afirma a pesquisadora do IEMA Raissa Gomes, coordenadora do estudo. 

Apesar de a geração termelétrica fóssil ter representado cerca de 10% da matriz elétrica em 2024, observa-se a manutenção de níveis elevados de produção e a continuidade da proposição de novos empreendimentos.  

“O desafio, portanto, não se limita às emissões observadas em um determinado ano, mas ao comprometimento estrutural do sistema elétrico brasileiro com ativos fósseis de longo prazo”, completa a pesquisadora. 

Maior geradora 

Ainda conforme o estudo, a Eneva ultrapassou a Petrobras e, pela primeira vez, tornou-se a maior geradora de termoeletricidade fóssil do SIN. Até então, desde 2020, primeiro ano-base dos inventários do IEMA, a Petrobras liderava o ranking de geração fóssil. 

A Eneva ampliou seu portfólio fóssil em quase 860 MW de potência instalada, com a aquisição das usinas capixabas Luiz Oscar Rodrigues de Melo (240 MW), Povoação 1 (75 MW), Viana (175 MW) e Viana I (37 MW), anteriormente vinculadas ao BTG Pactual, além das usinas Geramar I e II, com 166 MW cada, também sob participação majoritária do banco.  

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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