Retrofit de usinas solares é mais do que tendência, é uma necessidade

O retrofit de usinas de energia solar é uma ação fundamental para a rentabilidade e a segurança operacional dos ativos. Para especialistas, esse tipo de iniciativa deixou de ser uma tendência e tornou-se uma necessidade para investidores do mercado fotovoltaico. O tema foi debatido durante a 4ª edição do Meet & Greener, evento promovido pela consultoria Greener em São Paulo (SP) em 14 de outubro.

Durante o painel, o sócio-diretor da Metrion, Philipe Gabillaud, destacou que o retrofit é extremamente importante do ponto de vista de custo de oportunidade e de segurança operacional. “O retrofit não é mais nenhuma tendência, é uma necessidade. A análise tem que levar em conta o todo, não apenas a troca de módulos e de inversores. É uma coisa mais ampla.”

O head de operação de ativos da Grid Co., Filipe Figueiró, ressaltou a importância da análise de engenharia de manutenção. “Gestão de ativos é uma maratona. É um trabalho que não pode ter resultado negativo no longo prazo. Um retrofit completo inclui não só equipamentos, mas também a arquitetura de comunicação.”

O ponto foi reforçado pelo gerente operacional da Gerar Serviços e Engenharia, Bruno Santos. “Existe uma visão que o retrofit somente voltada para a geração, mas é preciso entender que também pode incluir a parte de comunicação, de comando remoto, por exemplo.”

“Eu acredito que o próprio PvSyst precise ser retrofitado anualmente, utilizando os dados coletados na usina, porque é preciso entender de fato qual é a realidade operacional da planta”, acrescentou Santos.

Oportunidade estratégica

O retrofit de uma usina solar é o processo de modernização ou atualização de um sistema fotovoltaico já existente, com o objetivo de melhorar sua eficiência, desempenho e vida útil. Isso pode envolver a substituição de equipamentos antigos, como inversores e módulos solares, a adoção de novas tecnologias de monitoramento e segurança ou a adequação às normas técnicas mais recentes, sem a necessidade de reconstruir toda a usina.

O diretor da Remotia, Ricardo Castro, explicou que o retrofit pode surgir em dois contextos distintos nas usinas solares: como necessidade obrigatória, quando há erros de construção ou ausência de manutenção adequada, e como oportunidade estratégica para aprimorar a performance e modernizar o sistema.

“Em alguns casos, intervenções corretivas motivadas por falhas de projeto ou manutenção deficiente acabam resultando em ganhos expressivos de geração, ainda que não se trate de retrofits planejados”, disse Castro.

O executivo detalhou que, nas usinas de geração distribuída, os retrofits voltados exclusivamente à melhoria de performance ainda são pontuais, sobretudo entre projetos com engenharia e equipamentos de qualidade.

“Porém, há um número crescente de sistemas com componentes de baixa durabilidade ou manutenção precária, nos quais a substituição de alguns componentes já se torna necessária, muitas vezes adiada por modelos contratuais/comerciais, que não estimulam o investimento imediato”, apontou Castro.