Sistema híbrido eólica-solar contribuirá para o avanço da regulação no Brasil
Projeto no Piauí terá como regra o corte da energia solar quando a geração das duas fontes for concomitantes e gerar excedentes


O primeiro projeto de usina hibrida eólica-solar do Brasil poderá auxiliar o avanço regulatório da modalidade e sanar dúvidas técnicas operacionais, avalia o conselheiro da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Diego Bittner. O empreendimento, recentemente aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), será desenvolvido pela Votorantim Energia e pelo fundo canadense CPPIB no Piauí.
“Esse projeto é um marco importante, atrelado a uma consulta pública que a Aneel deve abrir em algumas semanas. É um piloto importante para destravar possíveis dúvidas que podem acontecer na operação. Esses projetos também requerem alterações regulatórias e algumas dúvidas poderão ser sanadas com o empreendimento”, declarou Bittner, durante o programa Absolar Inside.
Em outubro do ano passado, a Aneel abriu a primeira fase da Consulta Pública 061/2020 para debater a normatização para o estabelecimento de usinas híbridas e associadas. Atualmente, o País não possui uma regulação específica para esse tipo de empreendimento. A geração associada entre as fontes eólica e solar tem um grande potencial de complementariedade, especialmente na regiões Nordeste, onde a maior parte dos parques eólicos estão instalados.
“É possível aproveitar a geração eólica durante a noite, onde ela é mais predominante, e a solar fotovoltaica obviamente durante o dia”, explicou Bittner. “Essa sinergia pode ser usada para otimizar a utilização da rede de transmissão, trazendo ganhos na infraestrutura, logística dos projetos e na questão dos encargos.”
No mesmo evento, o sócio administrador da MRTS Consultoria, detalhou que, entre os principais aspectos para destravar a modalidade no Brasil está a regulamentação da garantia física das usinas. “É preciso definir um critério de quanta potência pode ser contratada em um modelo híbrido. Atualmente, cada fonte tem uma orientação diferente”, disse.
Também participou do evento o diretor técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Sandro Yamamoto. Ele destacou que o projeto do Piauí terá como regra o corte da energia solar quando a geração das duas fontes for concomitantes e gerar excedentes. “É similar a uma proposta nossa. Quando necessário, é feito o corte de maneira devidamente monitorada e controla, otimizando o uso da rede.”
Bittner acredita que, futuramente, os sistemas de armazenamento com baterias poderão ser usados para gerir esses excedentes. “No caso do corte, será possível armazenar a energia para escoar posteriormente. Esses sistemas ainda têm um custo relevante, mas eles vêm se reduzindo. Poderá ser mais atrativo, mas no curto prazo ainda não é viável”, disse.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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