Aldeias indígenas do Amapá serão abastecidas por energia solar
Fonte fotovoltaica está cada vez mais presente em comunidades remotas que sofrem com a intermitência de eletricidade


A energia solar vai abastecer os Polos Base de saúde das aldeias Kumenê e Kumarumã, no Oiapoque, Amapá. Para isso, foram instalados 20 módulos fotovoltaicos de 330 watt-pico (Wp) e disponibilizadas oito baterias de 220 ampère-hora (Ah) em cada uma das unidades. A iniciativa é uma parceria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) e a Easy Watt, empresa de projetos e instalações.
O projeto é financiado pela Embaixada da França, como parte de uma iniciativa maior com duração de cerca de seis anos e abarca o território do Amapá e a região Norte do Pará. Agora, apenas duas aldeias, Kumenê do povo Palikur e Kumarumã do povo Galibi Marworno, foram beneficiadas.
Atualmente, a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) é encarregada de enviar em média 22 mil litros de óleo diesel por mês, que alimentam os geradores de eletricidade das duas aldeias. Além de ser muito caro, o combustível é altamente poluente e gera energia elétrica por poucas horas ao dia. Além disso, segundo a pesquisadora Ana Moreira, antropóloga responsável pela mediação entre comunidades internas e externas, os geradores sempre quebravam, potencializando a instabilidade no atendimento de saúde.
“As instalações dos sistemas fotovoltaicos nos Polos Base, lugar de referência de saúde da aldeia, trarão diversos benefícios, como por exemplo, geladeiras de vacinas nas duas comunidades. É um fator muito relevante, pois o deslocamento para o Oiapoque (à cidade) não é uma coisa fácil e as crianças (indígenas) estavam tendo que ir para tomar as vacinas. Inclusive, muitas delas não estão vacinadas”, contou.
Rafael Carneiro, engenheiro eletricista do projeto, explica que o fornecimento de energia elétrica ocorria com interrupções, por exemplo, na aldeia Kumenê funcionava das 10h às 13h e das 16h às 22h e, na Kumarumã, das 16h às 23h. “Mesmo com chuvas, é possível manter as geladeiras de vacinas, o wi-fi, o microscópio para exame de malária, o nebulizador, a iluminação, tudo funcionando”, exemplifica o engenheiro.
Durante a instalação do sistema fotovoltaico, também foi realizada pela Easy Watt e Unicamp uma oficina de instalação, operação e manutenção, capacitando a mão de obra local para esses serviços. “Foram selecionados moradores interessados em participar da oficina e, pelo menos, dois indígenas das respectivas comunidades, com mais duas outras pessoas ligadas ao Instituto, concluíram a capacitação e foram certificados”, conta o engenheiro.
A instalação do projeto começou em março e apesar da alta incidência de chuva nessa época do ano, o sistema fotovoltaico conta com suporte de baterias capazes de armazenar a energia gerada pelos painéis por três dias.

Adriana Dorante
Jornalista formada pela Universidade Santa Cecília (Santos), com especialização em jornalismo econômico pela PUC/SP. Trabalhou como repórter de economia em grandes veículos de Comunicação, como DCI e jornais regionais em Campinas. Realizou trabalhos em comunicação institucional (publicações impressas e digitais) e assessoria de imprensa para entidades e empresas de diferentes segmentos em São Paulo. Atua na cobertura jornalística do setor elétrico há cerca de 5 anos.
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