Fabricantes de trackers veem demanda aquecida no mercado livre de energia

Fabricantes de rastreadores solares veem perspectiva positiva para projetos de geração solar no mercado livre de energia no Brasil. Avanços regulatórios, retorno econômico e metas ambientais tem impulsionado investimentos em usinas fotovoltaicas de grande porte nesse segmento. Empresas avaliam que, apesar do ambiente macroeconômico global desafiador, o desenvolvimento de projetos de geração solar centralizada seguirá atrativo no País.

“Neste início de ano, o setor de geração centralizada tem mostrado um crescimento um pouco maior, devido ao fato de que muitos projetos de grande porte estão entrando em operação e muitos já estavam em construção desde o ano passado”, comentou o diretor da Nextracker, Nelson Falcão, em entrevista exclusiva ao Portal Solar.

Na última sexta-feira (02/06), a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) divulgou que o país ultrapassou 9 GW de potência operacional de usinas solares de grande porte, segmento conhecido como geração centralizada. Desde 2012, esse mercado já trouxe mais de R$ 46,2 bilhões em novos investimentos e mais de 280,2 mil empregos acumulados, além de proporcionar cerca de R$ 13,8 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.

Falcão afirmou que o mercado livre de energia é o principal foco dos projetos de energia solar de grande porte, junto com os projetos de autogeração de consumidores eletrointensivos de grande porte. “O mercado regulado tem tido um papel menos importante no crescimento do setor de geração centralizada, até porque tem sido atendido pelas instalações de geração distribuída, que continua crescendo de forma significativa no país.”

Na avaliação do diretor-geral LATAM da Array, Vinicius Gibrail, o movimento de abertura gradual do mercado regulado criará novas oportunidades para projetos solares. “Embora o mercado regulado ainda supra uma parcela significativa da energia consumida no país, o que veremos em um futuro próximo é um mercado de energia cada vez mais acessível aos diferentes públicos, independentemente de seu tamanho ou perfil de consumo”, observou Gibrail.

Com isso, além de possuir uma vantagem competitiva sobre outras fontes de energia, em relação a tempo de instalação e retorno do investimento, Gibrail destacou que a energia solar ainda atende a crescente demanda das empresas consumidoras por energias renováveis para cumprir metas de responsabilidade ambiental.

Câmbio e cenário macroeconômico

O executivo da Array avalia que, embora exista um cenário desafiador no ambiente macroeconômico e fiscal, o comportamento do câmbio não tem oferecido riscos à viabilidade dos projetos solares no Brasil. “A expectativa do mercado é que não haja grandes surpresas. O setor de renováveis demonstra resiliência e certa imunidade a situações de grande impacto socioeconômico”, pontuou.

Falcão aponta que a estratégia da Nextracker de aprovisionamento de materiais e componentes permite que a empresa faça frente a flutuações de custos e a inflação das matérias primas. “Por termos uma larga base de fornecedores internacionais, temos a flexibilidade de atender nossos clientes no Brasil com a melhor combinação de origem de cada componente, em função do perfil técnico, comercial e financeiro de cada projeto.”

“Entendemos que as condições macroeconômicas globais vão ainda continuar a flutuar por algum tempo, mas estamos em posição única no mercado de buscar a melhor forma de manter a competitividade dos projetos locais”, disse o diretor da Nextracker.