Wood Mackenzie: Descarbonização global parece cada vez mais dependente da China

Expansão da capacidade produtiva e redução de custos coloca país asiático em posição de vantagem competitiva e de dominação no mercado de renováveis

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Foto: Banco de imagens

A capacidade de produção de módulos fotovoltaicos da China está expandindo mais rapidamente que a demanda global prevista, enquanto capacidade de fabricação de turbinas eólicas e baterias do país crescerá 42% e 150%, respectivamente, nos próximos dois anos, aponta estudo da Wood Mackenzie.

Conforme o diretor de pesquisas da consultoria, Alex Whitworth, esse volume de produção é o bastante para atender as metas de descarbonização da China e, ao mesmo tempo, atender as necessidades do resto do mundo.

A China tem uma posição dominante na oferta de módulos fotovoltaicos, respondendo por cerca de 70% da fabricação global. O país ainda responde por 50% da produção de turbinas eólicas, majoritariamente utilizadas no mercado doméstico. Os chineses ainda controlam quase 90% da capacidade produtiva de baterias de íon-lítio.

Vantagem competitiva

Essa escala de produção industrial garante a China uma grande vantagem competitiva. Apesar do aumento dos preços de matérias-primas, que ocorre desde 2020, a enorme expansão de capacidade fez reduzir os custos de produção em relação aos concorrentes. A Wood Mackenzie estima que os preços de turbinas eólicas chinesas caíram 24% em 2021 e cairão mais 20% em 2022.   

Withworth assinala que esse cenário cria dificuldades para os demais países do mundo cumprirem suas metas de descarbonização sem depender da China. “Com a demanda interna de energia reduzindo o ritmo, em conjunto com o crescimento econômico, os fabricantes chineses querem expandir sua presença global”, aponta o especialista.

A Wood Mackenzie acredita que os custos de equipamentos renováveis irão recuar em 2023, em razão de redução nos preços de commodities, melhora de gargalos logísticos e investimentos na cadeia de fornecimento. Investimentos da China em capacidade renovável e aumento de produção serão partes importantes dessa tendencia. 

Possíveis obstáculos 

A consultoria destaca que nem tudo é favorável para a China. A instalação em larga escala de energia renovável depende da disponibilidade de uma série de materiais, incluindo alumínio, cobre, níquel, cobalto, terras-raras, grafite e silício.

O país asiático pode enfrentar possíveis riscos de interrupção de fornecimento, por exemplo, do lítio australiano, ou mesmo na produção controlada por empresas chinesas em regiões menos estáveis, como a República Democrática do Congo. As restrições no fornecimento de energia elétrica em 2021 também ocasionaram a interrupção de produção de silício policristalino e módulos fotovoltaicos em algumas regiões do país.

Além disso, alguns países têm introduzido políticas e tarifas para responder a dominação chinesa no setor e incentivar a produção local. Movimentações do tipo têm ocorrido no Estados Unidos, União Europeia e Índia.

“A transição energética é uma oportunidade ouro para a China desenvolver indústrias e tecnologias, ao mesmo tempo que melhora sua imagem no campo ambiental. Acelerar esforços para reduzir emissões domésticas e apoiar a descarbonização global soa como uma proposta irresistível”, disse Whitworth.

“Para as economias ocidentais, as respostas têm sido abrangentes: tarifas, políticas de conteúdo local, incentivos fiscais, parcerias, inovações técnicas, entre outras. A competição entre todos os lados é intensa, o que deve trazer benefícios para a trajetória de descarbonização global.”

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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