Transição energética global exigirá 80 milhões de km de rede elétrica até 2040
Expansão de linhas de transmissão e distribuição é necessária para conectar novos projetos de geração renovável e atender o crescimento da demanda por eletricidade


Atingir todas as metas nacionais de clima e energia do mundo exigirá o acréscimo ou substituição de 80 milhões de quilômetros de rede elétrica até 2040, estima relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). O número equivale a todo sistema global existente atualmente.
O estudo destacou que expandir as redes de transmissão e distribuição é essencial para viabilizar o crescimento necessário da geração de energia renovável. Atrasos nos investimentos nas linhas elétricas implicam no aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2), desacelerando a transição energética e afastando a meta de limitar o aquecimento global em 1.5°C até 2050.
O relatório identificou uma longa e crescente fila de pelo menos 3.000 GW em projetos renováveis esperando autorização para se conectar à rede, incluindo 1.500 GW em estágio avançado de desenvolvimento. Esse número é cinco vezes maior que a capacidade adicionada de energia solar e eólica no mundo em 2022.
Aumento da demanda
Conforme a IEA, o investimento anual nas linhas elétricas, que permanece amplamente estagnado, precisa dobrar para mais de US$ 600 bilhões por ano até 2030. Além disso, grandes mudanças na forma em que as redes são operadas e reguladas também serão essenciais.
A adoção de novas tecnologias, como carros elétricos e climatizadores, indica que a eletricidade está ocupando espaços anteriormente dominados por combustíveis fósseis. Dessa forma, o uso deverá ser cada vez maior ao longo do tempo, aumentando a demanda sobre a rede elétrica.
Ao mesmo tempo, países estão acelerando o desenvolvimento de projetos de energia renovável, exigindo novas linhas de transmissão para conectá-los ao sistema elétrico, e redes de distribuição altamente funcionais para garantir a confiabilidade de fornecimento para os consumidores. Isso inclui a digitalização da rede elétrica, maior flexibilidade na resposta à demanda e o armazenamento de energia.
“O recente progresso na geração de energia limpa que vemos em muitos países é sem precedentes e traz muito otimismo. Mas ele pode ser colocado em risco se governos e empresas não se unirem para garantir que as redes elétricas estejam preparadas para a nova economia de energia global que está surgindo rapidamente”, declarou o diretor executivo da IEA, Fatih Birol.
Cenário no Brasil
No início de 2023, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou o esgotamento da capacidade de transmissão de energia elétrica em regiões favoráveis à geração renovável, como o norte de Minas Gerais e o Nordeste. Em maio, a diretoria do órgão indicou o acesso para fontes renováveis ao sistema de transmissão como um dos itens prioritários para atuação no ano.
Em junho, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) promoveu um leilão de transmissão, viabilizando R$ 15,7 bilhões em investimentos de nove lotes para a construção, operação e manutenção de 6.184 quilômetros de linhas de transmissão e subestações.
Na ocasião, ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o leilão irá garantir a transmissão de energia limpa e renovável para o país. “Cada real investido no sistema de transmissão irá destravar de 3 a 5 reais em novos investimentos em geração de energia elétrica. Estamos falando de R$ 200 bilhões em investimentos. É geração de energia limpa e renovável sendo transmitida do nosso Nordeste e do Norte de Minas Gerais para todo o Brasil.”
Outro leilão está previsto para ocorrer em 15 de dezembro, com estimativa de gerar R$ 21,7 bilhões em investimentos para a construção e manutenção de mais de 3 mil quilômetros em linhas de transmissão.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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