Solar receberá mais investimento que todas outras fontes combinadas em 2024
Aportes na geração fotovoltaica deverão superar US$ 500 bilhões no mundo, mostra relatório da Agência Internacional de Energia


O investimento total em energia deverá exceder a cifra recorde de US$ 3 trilhões no mundo em 2024, com cerca de US$ 2 trilhões direcionados para tecnologias limpas, incluindo renováveis, veículos elétricos, energia nuclear, redes elétricas, armazenamento de energia, combustíveis de baixa emissão, eficiência energética e bombas de calor, mostra estudo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Conforme o relatório, o investimento em energia solar fotovoltaica está projetado para superar US$ 500 bilhões em 2024, superando todas as outras fontes de energia combinadas. Os custos das placas solares caíram 30% nos últimos dois anos, e os preços de minerais e metais cruciais para a geração renovável também apresentaram redução abrupta, especialmente os relacionados a produção de baterias.
Embora o crescimento possa ser um pouco mais moderado esse ano, em razão dessa redução de preços de painéis solares, a fonte seguirá central para a transição energética. De acordo com a IEA, em 2023, cada dólar investido em energia eólica e solar resultou em 2,5 vezes mais geração de energia que o mesmo valor gasto com ambas as tecnologias uma década antes.
O estudo ainda estima que, em 2015, quando o Acordo de Paris foi assinado, o investimento combinado em energia nuclear e renovável era o dobro do direcionado para geração fóssil de energia elétrica. Em 2024, essa relação deverá ser de 10 para 1, com a solar liderando a transformação do setor.
Desequilíbrio regional
O relatório alerta que ainda existem desequilíbrios e deficiências nos fluxos de investimento em muitas partes do mundo. Há um baixo nível de aportes em tecnologias de geração limpa em economias emergentes e em desenvolvimento, excluindo a China. Nesse recorte, o montante deve superar US$ 300 bilhões pela primeira vez, liderado pela Índia e Brasil.
Esse valor responde apenas por 15% do investimento global, bem abaixo do necessário para responder ao crescimento da demanda de energia em muitos desse países, onde o alto custo de capital está segurando o desenvolvimento de novos projetos.
A China deverá mais uma vez liderar os investimentos globais em energia limpa, atingido cerca de US$ 675 bilhões em 2024. Europa e Estados Unidos vem em seguida, com os aportes chegado a US$ 370 bilhões e US$ 315 bilhões, respectivamente.
Essas três principais economias em conjunto respondem por mais de dois terços do investimento global em energia limpa, ilustrando a disparidade no fluxo de capital internacional em energia.
Outras tecnologias
As redes elétricas se tornaram um grande gargalo para a transição, mas o investimento está avançando. Após uma estagnação de cerca de US$ 300 bilhões por ano desde 2015, os aportes devem chegar a US$ 400 bilhões em 2024, impulsionado por novas políticas e subsídios na Europa, EUA, China e partes da América Latina.
Economias avançadas e a China respondem por 80% desse montante. O investimento na América Latina quase dobrou desde 2021, notavelmente em Colômbia, Chile e Brasil, onde os aportes dobraram somente em 2023. Porém, o baixo investimento gera preocupação em outras regiões.
O investimento em armazenamento de energia por meio de baterias está acelerando e devem exceder US$ 50 bilhões em 2024. Mas os aportes estão altamente concentrados. Em 2023, para cada dólar investimento na tecnologia em economias avançadas e na China, apenas um centavo foi investido em países emergentes e em desenvolvimento.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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