Racionamento de energia na China gera preocupação na indústria solar
Cenário impacta toda cadeia produtiva do setor, causando escassez de componentes e aumento de preços


O racionamento de energia na China está causando preocupação na indústria solar, em razão da escassez de componentes e forte aumento de custos, mostra análise da consultoria InfoLink Consulting. O cenário já tem feito com que alguns fabricantes de módulos renegociem preços ou suspendam entregas.
Conforme a analista chefe da PV Infolink, Corrine Lin, o racionamento de energia está afetando, desde setembro, a produção de silício policristalino, wafers e etileno-acetato de vinila (EVA, na sigla inglês, material usado em módulos como encapsulante) em polos nas províncias de Yunnan, Jiangsu e Zheijiang, onde a maior parte dos fabricantes de células, módulos e componente estão localizados.
Impactos no setor de wafers refletiram na produção de células, escalonando a escassez de suprimentos, e compradores se viram obrigados a aceitar preços mais altos.
Na virada de setembro para outubro, o preço do silício metálico dobrou em razão de cortes de produção e restrição da oferta de matéria-prima, impulsionando significativamente os custos do silício policristalino, chegando a patamares de US$ 35/kg a US$ 40/kg, um aumento de 8,6%.
O forte movimento de alta fez com que pedidos por módulos assinados anteriormente na China e no exterior fossem entregues com perdas. Como consequência, desenvolvedores de usinas e fabricantes de módulos estão renegociando preços ou adiaram projetos.
A análise aponta que fabricantes de módulos e células fecharam linhas de produção e reduziram a utilização de capacidade produtiva em outubro, em razão do feriado prolongado do Dia Nacional (1 a 3/10), no intuito de mitigar os impactos de preços e escassez.
Lin afirma que recentes levantamentos mostram que produtores de células e módulos reduziram o índice de utilização da capacidade para cerca de 50% a 70% no período. Diante desse panorama, a InfoLink irá revisar para baixo a demanda global em seu próximo relatório.
Manifesto
A consultoria mencionou uma carta assinada em conjunto pelas fabricantes de módulos fotovoltaicos Longi, Jinko, Trina, JA Solar e Risen. O documento faz um apelo pelo desenvolvimento sustentável da indústria solar.
No manifesto, as empresas pedem para que o governo chinês oriente o mercado para evitar um pico de instalações esperado no final do ano e promova a construção ordenada de projetos de usinas.
Elas sugerem que clientes considerem adiar projetos, conforme escassez de suprimento e redução de capacidade impactam a produção, e que a associação da indústria solar monitore a capacidade em toda a cadeia de fornecimento, garanta transparência e mantenha a oferta e demanda equilibradas, restringindo preços de matérias-primas se necessário.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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