Queda de preços de equipamentos chineses ameaça indústria solar europeia

A queda recorde nos preços de equipamentos de energia solar importados da China coloca em risco os planos da reativação da indústria renovável da Europa, alertou a SolarPower Europe, principal associação de empresas e organizações do setor no continente. Conforme levantamento da entidade, os custos caíram cerca de 25% nos últimos meses.

A combinação de uma maior oferta de silício policristalino, a principal matéria-prima de células fotovoltaicas, com uma alta nos estoques de equipamentos no continente, derrubou os preços de painéis solares chineses para níveis inferiores a 0,15 euro por watt, tornando a competição extremamente difícil para produtos de fabricação europeia.

Recentemente, a Norwegian Crystals, uma das principais fabricantes de lingotes do continente, declarou falência. “Embora a queda de preços normalmente seja uma boa notícia, uma ausência de cuidado pode trazer sérias consequências para nossa estratégia de autonomia”, declarou a CEO da SolarPower Europe, Walburga Hemetsberger.

“No curto prazo, esse cenário já está trazendo dificuldades para a competitividade doméstica e para o renascimento da indústria solar da União Europeia. Nós pedimos com urgência que os líderes do bloco salvem as linhas estratégicas de suprimento tecnológicos do continente”, alertou a dirigente.

Entre as ações sugeridas pela SolarPower Europe para a União Europeia estão a aquisição emergencial de painéis solares de fabricação europeia; o estabelecimento de um banco voltado a manufatura de equipamentos fotovoltaicos; e equilibrar o excesso de oferta com um maior incentivo a demanda por energia solar no continente.

Plano Industrial Verde

Em janeiro, a União Europeia anunciou um plano de desenvolvimento industrial de tecnologias de energia limpa. A iniciativa, batizada de Green Deal Industrial Plan, visa tornar o bloco um polo de inovação e viabilizar metas de descarbonização.

Na ocasião do lançamento do plano, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou a necessidade de reduzir dependência em relação a China no fornecimento de equipamentos de energia renovável, por meio de uma produção local integrada e parcerias comerciais com outros centros.

“Nós precisamos criar um ambiente regulatório que nos permita ganhar escala rapidamente e criar condições propícias para setores cruciais para a descarbonização, como a energia eólica, solar, hidrogênio verde e armazenamento”, declarou von der Leyen.

Atualmente, a participação da China em todos os estágios relevantes da fabricação de painéis supera 80%. A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) aponta que, para elementos-chave, como silício policristalino e wafers, a fatia deve aumentar para mais de 95% nos próximos anos.