Países com menor oferta de renováveis podem enfrentar fuga de investimentos

Pesquisa global indica que disposição de empresas de realocar negócios para regiões com transição energética avançada

PÔR DO SOL SOBRE A CIDADE DE NOVA YORK COM PAINÉIS SOLARES NOS TELHADOS
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Países com maior oferta de energia renovável tendem a atrair mais investimentos de grandes companhias, ao mesmo tempo em que regiões com matrizes elétricas dominadas por fontes fósseis podem enfrentar uma ameaça de fuga de capital nos próximos anos. É o que indica uma pesquisa global que ouviu mais de 1.400 executivos de companhias de médio e grande porte de 15 países.

O levantamento, encomendado pela think thank E3G e as entidades Beyond Fossil Fuels e We Mean Bussiness Colation, incluiu companhias privadas e públicas de diferentes setores, com o objetivo de entender a atitude de líderes empresariais em relação a transição energética para um sistema baseado em renováveis.

Uma proporção significativa dos executivos revelou uma tendência de realocar suas operações (62%) e cadeias de fornecimento (68%) para regiões com maior disponibilidade de energia limpa e 90% apontaram que o acesso as fontes renováveis é uma prioridade ao realizar um novo investimento.

Os pesquisadores avaliam que os resultados demonstram o apetite de companhias para uma transição energética mais rápida, contrastando com uma percepção geral de que os negócios relutam em abandonar os combustíveis fósseis. Esse cenário traz um alerta para que governos desenvolvam planos e políticas mais robustas de apoio às renováveis, sob o risco de perda de investimentos e empregos.

Segurança energética e menores custos

Cerca de 97% do executivos entrevistados defendem uma transição energética para um sistema baseado em fontes renováveis, sendo que 78% apoiam que isso ocorra até 2035 ou antes. 67% pedem que governos desativem usinas a carvão e as substituam exclusivamente com geração renovável, sem incluir nova infraestrutura de gás fóssil.

A pesquisa indica que 43% das companhias planejam descarbonizar as próprias operações até 2030, enquanto 27% pretendem fazer o mesmo até 2035. Entre os empresários ouvidos, 93% estão considerando investir em geração renovável própria para auxiliar suas operações nos próximos anos.

Quando perguntados o que associam com um sistema elétrico baseado em renováveis, 75% citaram maior segurança energética, 50% menores custos com eletricidade e 42% maiores lucros, entre outros benefícios. Outro dado é que 85% gostariam que seus governos priorizassem novos investimentos em energia solar e eólica em relação a outras renováveis.

Barreiras

Em relação as principais barreiras para que os negócios abandonem fontes fósseis e adotem as renováveis, 46% citaram o investimento inicial necessário. Outras dificuldades identificadas foram a falta de infraestrutura adequada de transmissão e armazenamento de energia renovável (38%) e falta de oferta de eletricidade de origem renovável (37%).

Em nível nacional, o gargalo mais citado para que governos acelerem a transição energética é a falta de financiamento às renováveis, conforme 36% dos executivos. Outros problemas lembrados foram ausência de metas governamentais (35%) e recursos insuficientes para apoiar comunidades afetadas pelo fechamento de minas de carvão (34%).

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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