Oriente Médio avança para ser um dos principais polos da indústria solar
Beneficiada por baixas tarifas de importação para os EUA e alta demanda local, região está atraindo investimento de fabricantes chinesas


O Oriente Médio está expandindo a capacidade local de produção de painéis solares e se posicionando para se tornar um dos principais polos industriais do setor, mostra relatório da consultoria Wood Mackenzie. Beneficiado por tarifas baixas de importação para os Estados Unidos e com alta demanda doméstica, a região está atraindo investimentos de companhias chinesas.
Conforme o estudo, a manufatura de módulos fotovoltaicos na região do Oriente Médio e Norte da África (MENA, na sigla em inglês) deve atingir 44 GW em 2029, com as instalações superando 140 GW até 2030. A importação de módulos dobrou para 27 GW em 2024, impulsionada por grandes projetos desenvolvidos na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã.
Em resposta ao aumento da demanda, a região está rapidamente adotando um modelo verticalmente integrado de produção, similar à abordagem bem-sucedida da China. A estratégia, que inclui matérias-primas, está fortalecendo a cadeia de fornecimento local e reduzindo a dependência de importações.
A Wood Mackenzie prevê que a capacidade produtiva de painéis solares da região atinja autossuficiência até 2026. “A abordagem verticalmente integrada e competitiva, sustentada pela tecnologia mais moderna, separa a região das estratégias mais fragmentadas que temos visto em mercados como os EUA, Índia e sudeste asiático”, disse a analista sênior da Wood Mackenzie, Yana Hryshko.
A região também está emergindo como um “paraíso tarifário” para a indústria solar, beneficiando-se de tarifas de importação de placas solares de 10% para os Estados Unidos. Isso dá aos fabricantes locais vantagem competitiva sobre outros locais, que enfrentam taxas superiores a 600%.
“Essa vantagem tarifária é um divisor de águas para o Oriente Médio, pois permite oferecer os módulos fotovoltaicos mais competitivos para o mercado dos EUA. Como resultado, a MENA substituirá o sudeste asiático como principal exportador para o país norte-americano, potencialmente remodelando os fluxos de comércio global do setor”, apontou Hryshko.
Atração de investimentos
A expansão industrial é apoiada por políticas de exigência de conteúdo local e parceria estratégicas com companhias chinesas. A Arábia Saudita lidera com metas ambiciosas de conteúdo local, mirando um aumento para 40%-45% até 2028 e 75% até 2030. Para dar suporte a esse crescimento, zonas econômicas especiais estão sendo estabelecidas para agilizar as operações, reduzindo custos logísticos, e atrair investimentos.
Governos de toda a região, em especial Arábia Saudita, Emirados Árabes, Omã e Egito, estão ativamente convidando fabricantes globais de renome para investir na produção solar local. Como forte investimento público e incentivos atrativos, essas parcerias estão estimulando o desenvolvimento de hubs integrados de manufatura.
Empresas chinesas devem responder por 85% da capacidade produtiva de módulos fotovoltaicos da região em 2028, posicionado a MENA como a próxima principal base de fabricação da China fora da Ásia. “Parcerias com empresas chinesas não trazem apenas capital, mas também expertise e transferência tecnológica. Isso acelerará a ascensão da região no cenário global da indústria solar fotovoltaica”, destacou Hryshko.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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