Custo de produção de painéis solares caiu 42% na China em 2023
País domina a indústria mundial de energia solar e segue com enorme vantagem competitiva frente a Europa e EUA


O custo de produção de painéis solares caiu 42% nos últimos 12 meses na China, atingindo US$ 0,15 por watt, mostra relatório da consultoria Wood Mackenzie. A análise destaca a enorme vantagem do país asiático, líder mundial da indústria fotovoltaica, em relação a concorrentes internacionais.
A China detém 80% da capacidade produtiva global de placas solares, o que também reflete no volume de instalações fotovoltaicos dentro do país. A potência adicionada em 2023 será duas vezes maior em relação ao total combinado entre Estados Unidos e União Europeia.
Um estudo recentemente divulgado pela Bloomberg New Finance (BNEF) indicou que a demanda global por energia solar é inferior a capacidade de produção de painéis solares. A estimativa é de que 413 GW deverão ser instalados no mundo em 2023, enquanto somente os fabricantes Tier 1 tem 839 GW de capacidade de fabricação.
Leia mais: Painéis solares atingem preços mais baixos da história no mercado internacional
A alta nos estoques é notável na Europa, onde diversos mercados residenciais tiveram um desempenho pior em relação a 2022, em razão de preços mais baixos de energia elétrica. Dessa forma, os preços de painéis solares atingiram os menores níveis já registrados.
Ainda assim, a maioria dos fabricantes planejam continuar a produção, protegidos por uma boa posição financeira. A BNEF avalia que esse cenário permite pressionar competidores para fora do mercado.
China sem desafiantes
Outro estudo, publicado pela Rystad Energy, apontou que os recentes esforços de países ocidentais para construir capacidade própria de manufatura de equipamentos de geração renovável não deverão ter impacto significativo pelo menos até o final da década.
A consultoria calcula que essa expansão custaria US$ 700 bilhões, levando em conta o investimento necessário para desenvolver cadeias de fornecimento doméstico para energia solar, eólica e baterias.
Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, os países do ocidente têm intensificado a busca por soluções para elevar a segurança energética, com grande foco em tecnologias renováveis. Esse cenário, combinado com o domínio chinês na indústria solar e de baterias, impulsionou iniciativas políticas na União Europeia e EUA para reverter essa dependência.
Além da indústria doméstica, a China também está atuando fora de suas fronteiras para garantir acesso a minérios essenciais para a fabricação de equipamentos de geração renovável. Um exemplo são investimentos em projetos de mineração de terras-raras em países africanos, como a Namíbia.
Processar, refinar e fabricar os materiais necessários para a geração de energia renovável exigem um enorme investimento até que uma cadeia de fornecimento confiável seja estabelecida. O aporte anual da China no desenvolvimento de capacidade de fabricação e processamento subiu de US$ 10 bilhões em 2016 para US$ 140 bilhões em 2023.
Como resultado, a capacidade produtiva da indústria solar subiu de 14 GW para 850 GW e a de baterias saltou de 126 GWh para 1,550 GWh. Para efeitos de comparação, o investimento anual combinado de todas as outras nações subi de US$ 7 bilhões em 2016 para US$ 20 bilhões em 2023.
Várias iniciativas políticas estão sendo promovidas para tentar equilibrar o jogo, incluindo o Inflaction Reduction Act, que conta com incentivos para a construção de fabricas de baterias, módulos fotovoltaicos e componentes de energia eólica nos EUA.
Porém, o pipeline de projetos fora da China é menos que um quarto do necessário para desvencilhar totalmente do país asiático. No total, US$ 700 bilhões de investimentos em mineração e manufatura seriam necessários para quebrar o domínio chinês desses mercados.
Além de estar ano a frente nesses campos, a China tem vantagens de know-how e propriedades intelectuais, com as companhias do país detendo uma miríade de patentes e liderando o desenvolvimento de novas tecnologias. Isso também atrapalho o ritmo de desenvolvimento da União Europeia e dos EUA, empurrando a possibilidade de autossuficiência para a década de 2030.

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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