"Brasil está à frente da Europa na área de energia", avalia ex-ministro da Educação
José Goldemberg destacou cinco tendências para o Brasil no setor nos próximos anos


A guerra entre Rússia e Ucrânia desencadeou uma crise de petróleo e gás em outros continentes. O ex-ministro da educação e professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), José Goldemberg, avaliou que esse cenário não impactará o Brasil, uma vez que o país depende pouco de gás como fonte energética, sendo autossuficiente, com 50% da matriz energética renovável (hidrelétrica, eólica e solar) e lidera a geração de energia limpa entre os países do BRICS, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME).
“É nesse contexto que as energias renováveis contribuem, tendência da qual o Brasil está à frente da Europa. Uma das soluções para mantermos o avanço no país é expandir as fontes renováveis como hidrelétricas, eólicas e solares, além de exportar produtos da biomassa”, afirmou.
Com isso, na avaliação de Goldemberg, as incertezas com o fornecimento de petróleo e gás e a flutuação dos preços estão levando os países a um novo "nacionalismo energético" na tentativa de reduzir sua dependência das importações.
Nesse sentido, o especialista destacou que a discussão é crucial para que não haja retrocesso no país. Com isso, o professor pontuou cinco tendências para o Brasil nos próximos anos:
1 – Investir em fontes solares e eólicas é primordial: Tendo em vista que as fontes de energias renováveis representarão 60% até 2050 no mundo, segundo relatório da BP sobre perspectiva energética, e terão capacidade de abastecer 80% da demanda mundial, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), investir nessas matrizes deve ser prioridade. A desvantagem das fontes solares e eólicas é serem intermitentes (não havendo sol à noite e vento o tempo inteiro, por exemplo). Por esse motivo, é preciso que elas sejam complementadas com outra fonte de energia renovável: as hidrelétricas, o melhor dos reservatórios de energia, muito superior ao uso de baterias.
2 – Expansão das hidrelétricas: a energia vinda desta fonte continuará a dominar a geração de eletricidade no Brasil, com o equivalente a 58% da matriz do país até 2030, segundo último relatório GolbalData, de 2021. Além de ser uma fonte viável e renovável de energia, tem potencial de expansão no Brasil se os cuidados com o meio ambiente forem tomados, evitando problemas como em Belo Monte.
3 – Inversão da lógica do petróleo: o país não utiliza petróleo, gás e carvão para gerar eletricidade como os países da Europa, mas um dos principais problemas se dá em relação ao uso do petróleo como matéria-prima para a produção de óleo diesel e gasolina. Apesar ser autossuficiente na produção de petróleo, o país não investe como deveria em refinarias, o que gera a necessidade de exportar o produto bruto e importar a gasolina, deixando os preços dependentes do dólar. Com mais refinarias, o país teria autonomia no controle dos preços, o que impactaria drasticamente nos valores dos produtos que dependem do transporte rodoviário, incluindo alimentos.
4 – Exportação de etanol: como fonte de combustível renovável, o etanol continua sendo uma boa opção para substituir a gasolina. Como sua matéria-prima é a cana-de-açúcar, que não pode ser cultivada em muitos lugares do mundo, seria uma boa oportunidade de exportação para o Brasil.
5 – Implementação eficaz de ferrovias: como somos totalmente dependentes do petróleo para o transporte, via o uso de automóveis e caminhões, seria importante que houvesse um plano de implementação e expansão de ferrovias no país para diminuir o consumo de gasolina e diesel para baratear o custo de transporte de pessoas e mercadorias, sobretudo “commodities” como soja.
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Vanessa Loiola
Jornalista formada pela PUC-SP com experiência em mídia digital. Já cobriu as editorias de economia, finanças, bolsa de valores, política e entretenimento.
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