BNEF: 10 previsões para o setor solar fotovoltaico em 2022

Consultoria traça panorama do mercado, incluindo estimativa de instalações, produção industrial, preços de equipamentos e evolução tecnológica

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Pixabay

A BloombergNEF (BNEF) divulgou uma lista com 10 previsões para o setor solar em 2022, abordando aspectos como estimativas de instalações, produção industrial, preços de equipamentos, evolução de mercados e desenvolvimento de novas tecnologias

Confira as 10 previsões:

1. 2022 será o primeiro ano em que mais de 200 GW serão instalados no mundo

A BNEF estima que cerca de 183 GW de capacidade solar foram instalados em 2021, enquanto a projeção média para 2022 é de 228 GW. Para a consultoria, a maior ameaça para a concretização desse cenário é o fato de que ainda é possível que 2021 tenha sido o primeiro ano que a marca de 200 GW foi batida. “Os preços não teriam permanecido tão altos no último trimestre se os módulos fotovoltaicos estivessem indo para lugar algum”, diz o relatório.

2. O preço dos módulos fotovoltaicos cairá para US$ 0,25 por watt no 1º semestre e nova redução virá na segunda metade do ano

A produção de silício policristalino foi o principal gargalo do setor em 2021. Combinado com a forte demanda, impulsionou os preços de módulos fotovoltaicos de silício monocristalino para picos de US$ 0,27 por watt. A BNEF espera aumento de 39% na capacidade de produção da matéria-prima em 2022, com a oferta total suficiente para produzir quase 300 GW em equipamentos.

Os preços já têm indicado uma tendência de queda e a consultoria prevê que eles atinjam US$ 0,25 por watt no primeiro semestre. A BNEF acredita que a capacidade extra e a evolução na eficiência dos módulos permitirão uma nova redução no segundo semestre, com os preços chegando a US$ 0,24 ou US$0,23 por watt.

3. A capacidade de geração solar centralizada com armazenamento de energia irá dobrar

A base de dados da BNEF contabilizam 278 projetos de geração solar centralizada com sistemas de armazenamento comissionados, com uma capacidade fotovoltaica total de 12.5 GW e de 2.7 GW/7.7GWh em baterias. Os maiores mercados em 2022 serão a China e os Estados Unidos.

4. A geração distribuída na China impulsionará o setor para um recorde de 81 a 92 GW de nova capacidade em 2022

Desde meados de 2021, a China encoraja governos regionais a coordenar a instalação de sistemas fotovoltaicos de geração distribuída (GD) em grande volume. Esse desenvolvimento deverá sustentar o crescimento da classe de consumo residencial, especialmente em áreas rurais. A BNEF prevê que esse segmento deverá superar 20 GW de nova capacidade instalada em 2022.

Em relação aos segmentos comercial e industrial, o racionamento de energia ocorrido no segundo semestre de 2021 causou um reajuste de 20% nas tarifas. Essa elevação tornou a GD mais atrativa, o que deverá resultar no crescimento das instalações.

Outro fator favorável é que existe a perspectiva de que fontes renováveis não sejam contabilizadas dentro dos limites de consumo de energia estabelecidos para cada província, como forma de controle de emissões. Dessa maneira, a GD solar poderia impedir a interrupção da produção de fábricas. Diante desse cenário, a BNEF espera que novas instalações industriais e comerciais possam superar 10 GW no país em 2022.

5. Sistemas fotovoltaicos residenciais com armazenamento se tornarão comuns em pelos menos mais 2 mercados

A BNEF acredita que sistemas fotovoltaicos residenciais acompanhados de baterias começarão a se tornar mais presentes no setor. No Havaí, quase todas as instalações de GD residencial são equipadas com sistemas de armazenamento; na Alemanha, a participação é de quase 50%. A consultoria prevê que, ao final de 2022, pelo menos mais dois mercados vão superar essa marca e ter solar + armazenamento como regra.

Também existe expectativa de avanços regulatórios. Atualmente, há pouca consistência nas regras e incentivos dos países em relação aos sistemas com baterias. A BNEF entende que isso irá mudar em 2022.

6. Gigawatts em acordos de compra de energia solar serão firmados na Europa

Diversos mercados europeus registrarão crescimento de companhias e distribuidoras assinando acordos de compra de energia (PPA, na sigla em inglês) de projetos solares. A BNEF projeta que Espanha, Polônia, Dinamarca e Alemanha serão os destaques nesse campo. A consultoria também contabiliza que mais de 13 GW de PPAs fotovoltaicos entrarão em operação no continente no período entre 2022 e 2025.

7. Leilões de energia solar se tornarão mais complexos e envolverão sistemas de armazenamento

Em 2021, alguns países promoveram leilões de energia solar em que diferentes tecnologias competem para atender o fornecimento intermitente. Na África do Sul, por exemplo, um leilão de emergência resultou em contratações de projetos fotovoltaicos e eólicos acompanhados de sistemas de armazenamento a serem construídos em 2022. Outros certames que registraram arremates de empreendimentos similares ocorreram na Índia, Chile e Israel.

A BNEF espera que pelo menos mais cinco países organizem leilões envolvendo geração solar e armazenamento em 2022.

8. A capacidade de fabricação irá expandir, com novas tecnologias integrando o mix

Importantes capacidades de fabricação de novas tecnologias fotovoltaicas serão construídas em 2022, incluindo as células TOPCon, vista como uma das favoritas para se tornar um padrão da indústria, em razão da melhor performance e compatibilidade com os atuais parâmetros de produção, facilitando o ganho de escala em relação a outras novidades tecnológicas.

Atualmente, o setor conta com 400 GW de capacidade anual de fabricação das células PERC, que estão se aproximando do limite de eficiência, que é de 24%.

A BNEF aponta que muitos planos de produção de células TOPCon foram anunciados, principalmente por novas empresas que planejam entrar no mercado com produtos diferenciados, mas a tecnologia ainda não se mostra economicamente competitiva para comercialização. Novos planos dos principais fabricantes de módulos devem mudar isso. Porém, a consultoria entende que a PERC deve permanecer como o produto padrão para os próximos dois ou três anos.

9. Haverá um melhor entendimento da aplicação de projetos agrivoltaicos

 AgriVoltaico, termo que se refere a projetos solares especialmente desenhados para permitir o cultivo no solo sob os painéis, ainda são vistos com reservas por parte do setor. A BNEF explica que muitas vezes, a solução é tratada apenas como uma forma de conseguir permissão ou subsídios para construir usinas fotovoltaicas em áreas agrícolas, e que as instalações dificultam o acesso de máquinas de plantio e a colheita.

Porém, alguns estudos demonstram que, em determinados casos, a aplicação pode ser vantajosa para o cultivo. Alguns players estão desenvolvendo instalações agrivoltaicas para melhorar o desempenho de determinadas culturas, como framboesas e uvas utilizadas na produção de vinhos.

Instaladores estão entendendo melhor sob quais condições os cultivos se desenvolvem melhor sob os módulos, e que não existe um projeto padrão para todas as culturas. A BNEF espera ver progresso nessa área em 2022.

10. Fábricas serão anunciadas em locais fora da China, mas levarão tempo para iniciar produção em larga escala

Índia, EUA e Europa tem planos de expansão da capacidade produtiva no setor solar, atualmente bastante concentrada na China. O governo indiano pretende desenvolver uma produção integrada, incluindo silício policristalino, aumentando a capacidade que já é a maior do mundo fora da China.

Nos EUA, o programa de incentivo industrial Build Back Better contém apoio para a fabricação doméstica de wafers e a BNEF avalia como bastante provável que alguma forma de apoio sistemático para o setor seja aprovado no país no início do ano. Na Alemanha, a Meyer Burger planeja expandir sua fábrica de células e módulos de 400 MW para 1 GW nesse ano, além de instalar uma planta nos EUA.

Apesar desse cenário, a consultoria acredita que seria surpreendente acontecer um aumento na participação de países que não a China na produção global de módulos e células em 2022. Fabricantes tendem a ser cautelosos em promover expansões num mercado com excesso de oferta sem uma demanda sólida e garantida de produtos por preços premium.

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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