Fabricantes de painéis solares indicam melhora no mercado a partir do 2º trimestre

Após início de ano de desaceleração nas vendas, empresas veem sinais de aquecimento desde abril e esperam crescimento sustentável até o final de 2023

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Após um primeiro trimestre de desaceleração, fabricantes de painéis solares preveem retomada do mercado de energia solar brasileiro. Na avaliação das empresas, a corrida por instalações motivada pelas mudanças promovidas pela Lei 14.300 fez com que consumidores antecipassem investimentos em geração distribuída no final do ano passado, impactando as vendas do setor no início de 2023.

Em entrevista exclusiva ao Portal Solar, o diretor de vendas da BYD Energy do Brasil, Marcelo Taborda, avalia que o desempenho do setor já apresenta melhora desde o mês de março. “Nós vimos essa queda mais acentuada no primeiro trimestre em razão de uma junção de fatores. Além do discurso imediatista da “taxação do Sol”, também temos uma taxa de juros muito alta, que trouxe uma restrição para o financiamento. Também tivemos uma mudança de governo, o que sempre traz um pouco de insegurança”, disse o executivo.

Apesar desse cenário, Taborda acredita que o mercado apresentará crescimento a partir do segundo trimestre até o final do ano. “Se o Brasil crescer dois ou três por cento, vai faltar energia. Se o mercado de carro elétrico crescer, também falta energia. Essa demanda será atendida pela solar, pela facilidade de instalação da geração distribuída.”

O country manager da Trina Solar no Brasil, Daniel Pansarella, entende que a mudança de legislação causou uma desaceleração no mercado, mas que o investimento em energia solar segue vantajoso no Brasil. “O mercado brasileiro vinha praticamente dobrando de volume a cada ano. Estamos passando por um momento de desaceleração, por causa da lei 14.300. Muitos consumidores estão pensando mais um pouco na hora de investir.”

“Em 2012, quando começou o movimento de energia solar no Brasil, uma instalação se pagava em 10 ou 12 anos. No ano passado, isso caiu para três anos. Com a mudança na legislação, os investimentos passaram a levar seis anos para serem pagos. Ainda é algo muito interessante”, destacou o executivo ao Portal Solar.

“Esse é um mercado que freou um pouco neste início de ano devido à mudança regulatória e ao aumento nos juros, mas a partir de abril deu sinais de aquecimento. Em maio, esperamos melhorar ainda mais. Isso deve deixar o mercado mais sólido até o fim do ano. Já vemos a oferta de mercadorias bem mais estável. Os distribuidores têm estoque e estão buscando fazer boas promoções para os clientes”, disse Pansarella.

Geração centralizada

A expectativa das fabricantes é de um ano mais forte para segmento de grandes usinas, denominado geração centralizada. Nos últimos três anos, esse mercado vinha apresentado um crescimento menor em relação ao de geração distribuída (GD). “Eu acho que a proporção vai mudar um pouco esse ano”, prevê Taborda.

Leia mais: WEG indica perspectiva positiva para a geração solar centralizada em 2023

“Nós identificamos que os projetos de geração centralizada possuem um grande apelo, vários já estão em implementação e outros estão sendo negociados. Então esse mercado continua aquecido. Talvez a GD reduza um pouco em relação a geração centralizada, dado essa queda acentuada no primeiro trimestre”, detalhou o diretor da BYD.

Pansarella também acredita que ano será positivo para geração centralizada, com a construção de muitas usinas que foram idealizadas em 2022. “Devemos ter um grande volume de projetos. O ano passado não foi muito forte para a geração centralizada devido sobretudo às mudanças nos custos de financiamento.”

O executivo da Trina indicou que, até o final de 2023, a empresa chegará por volta de 4,5 GW vendidos no mercado brasileiro no acumulado desde 2018. “Desse total, 2 GW são em geração centralizada e 2,5 GW em distribuída.”

Impacto nos preços

Nos últimos, o reequilíbrio na oferta de insumos de painéis fotovoltaicos, especialmente o silício policristalino, tem viabilizado a redução de custos dos equipamentos no mercado internacional. Um relatório publicado pela Clean Energy Associates (CEA) no final de março indicou que os preços das placas solares chinesas deverão cair mais do que 15% até o início de 2024.

Para Pansarella, esse cenário reflete no Brasil, mas não de forma tão significativa. “Existe sim uma tendência de queda este ano. Paulatina, mas pequena. Já vem tendo uma redução de custo, mas é influência de commodities. O mercado europeu e o chinês estão muito aquecidos neste momento e, às vezes, existe uma preferência de venda para os mercados que estão pagando mais caro do que eventualmente a oferta de produtos para o mercado brasileiro.”

Taborda explica que as reduções já aconteceram no final de 2022, também influenciada pelos fretes internacionais, e que os preços agora apresentam estabilidade. “Hoje o preço não está caindo como caiu no final do ano passado.

O diretor da BYD ainda entende que essa redução de preços gerou problemas para alguns distribuidores de equipamentos no País. “Quem já tinha estoque e ficou com medo de faltar equipamento, como aconteceu em outros momentos, aproveitou para comprar muitos módulos e estocar mais ainda. Agora tem muita empresa, especialmente as menos estruturadas, queimando preço para pagar as contas. Isso causa uma certa confusão no mercado.”

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Vanessa Loiola

Jornalista formada pela PUC-SP com experiência em mídia digital. Já cobriu as editorias de economia, finanças, bolsa de valores, política e entretenimento.

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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