Oferta de equipamentos fotovoltaicos poderá ser gargalo para o Brasil em 2022

Empresas ouvidas na Intersolar estão preocupadas com o atendimento do mercado brasileiro no próximo ano

OFERTA DE EQUIPAMENTOS FOTOVOLTAICOS PODERÁ SER GARGALO PARA O BRASIL EM 2022
Foto: Banco de imagem

A demanda global por energia solar pode gerar indisponibilidade de equipamentos para o atendimento do mercado brasileiro em 2022. Acompanhando o cenário global, o país vive um forte crescimento dos investimentos em energia fotovoltaica e já instalou 11.000 megawatts (MW), potência equivalente a da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. 

Os distribuidores fotovoltaicos, que já estão com os custos pressionados devido à elevação dos preços das matérias primas e do frete marítimo, agora precisam conviver com o risco de não ter equipamentos suficientes para atender toda a demanda esperada do próximo ano. 

O presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Ronaldo Koloszuk, vê na oferta de equipamentos o maior desafio para o setor em 2022. 

“Todos que estão empreendendo precisam estar atentos a contratos e parceiros. Vai ter produto, mas não se sabe se vai ter para você e para mim. É importante estar protegido para passar por essa turbulência de mercado”, acrescentou o dirigente", durante a abertura da Intersolar South America nesta segunda-feira (18/10), em São Paulo.

A diretora comercial da Win Energias Renováveis, Camila Nascimento, explicou que o mercado se tornou mais instável que o normal no último trimestre do ano e deve permanecer assim pelos próximos seis meses.

“A China está passando por uma crise energética complicada e as fábricas tiveram que reduzir a capacidade produtiva. Com isso, houve aumentos de preços sucessivos, além de ter atrapalhado a disponibilidade de produtos”, disse a executiva da Win.

Soma-se a isso a dificuldade habitual da China em exportar produtos no final do ano, em razão da alta demanda global e escassez de navios de frete internacional. Nascimento acredita que esse cenário traz risco de atraso aos projetos fotovoltaicos desenvolvidos no Brasil.

“A China, como sempre, nos seis últimos meses do ano tem problemas de exportar. Não há navios suficientes para fazer o transporte. E como a viagem para o Brasil demora muito, talvez não seja uma preferência na exportação”, detalhou a diretora da Win. 

O diretor de produção e operação da Renovigi, Leonardo Hagen da Silva, também revela que existe uma preocupação em relação ao atendimento da demanda do mercado brasileiro em 2022.

Silva recomenda que os distribuidores ancorem, "de uma forma bastante sólida", os contratos com os seus fornecedores de equipamentos e busquem mecanismos de alinhamento com toda a cadeia solar. 

"Isso para que a gente possa ter um controle muito apurado de materiais e assumir os compromissos certos e evitar um desgaste acentuado com relação a falta desses materiais", disse Silva.

O gerente comercial da unidade de energia solar da Fronius, Alexandre Borin, entende que pode acontecer uma retração na demanda do mercado no último trimestre de 2021 e no primeiro de 2022 por conta da escassez de painéis.

“Sabemos que têm muitos distribuidores que já estão sentindo a falta do módulo no mercado. Pode dar uma freada no ritmo de crescimento do mercado brasileiro”, disse o gerente.

Ele acredita que, após esse período crítico, deve haver recuperação na oferta. “No segundo trimestre de 2022 em diante, os preços ainda vão estar majorados, mas o fornecimento em si deverá ser restabelecido. Mas acredito que o mercado vai continuar em ascensão”, disse Borin.

Contratos revistos

A alta demanda global por energia solar tem impactado os custos e a disponibilidade dos equipamentos fotovoltaicos. Células, waffer, sílicio são materiais que apresentam uma curva de crescimento de custos que ultrapassam 40%. 

A distribuição dos equipamentos também é outro gargalo monitorado pelo setor solar e que tem causado preocupação. No início do ano, o frete internacional tinha um tíquete médio de US$ 4 mil e hoje está entorno de US$ 15 mil. 

Com todo esse cenário, as empresas distribuidoras de equipamentos fotovoltaicos estão reforçando o planejamento de compras para evitar a falta de estoque.

Porém, os fabricantes chineses estão pedindo para "revisitar" os contratos, a fim de garantir a entrega dos equipamentos dentro do prazo acordado.

"O que nós estamos percebendo é que, mesmo em alguns casos de contratos firmados, eles são submetidos a revisitas para equalização de preço, para que se possa dar continuidade aos embarques dessas mercadorias", contou o diretor de operações da Renovigi.

"É uma posição quase 100% desvantajosa, porque em algumas circunstâncias não podemos entrar em um embate muito forte [com o fabricante] para tentar minimizar, até porque isso é uma circunstância global", completou Silva. 

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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Wagner Freire

Jornalista com Bacharel em Comunicação Social pela FMU e pós-graduado em Finanças. Especialista com mais de 10 anos de experiência na cobertura do mercado de energia elétrica, tendo trabalhado no Estadão, CanalEnergia, Jornal da Energia, Revista GTD e DCI.

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