Gás e energia comprometem metade da renda de 46% das famílias brasileiras
Pesquisa do Ipec também mostra percepção positiva da população do País em relação às fontes renováveis


Os gastos com gás e energia elétrica comprometem metade ou mais da renda de 46% das famílias brasileiras, mostra pesquisa do Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) contratada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS). Conforme o levantamento, 10% das famílias do País têm comprometida quase toda a renda com esses gastos, 12% mais da metade e 24% a metade.
O Ipec ouviu 2002 pessoas com 16 anos ou mais em todas as regiões do Brasil entre 11 e 17 de novembro. Para 90%, o atual valor da conta de luz está impactando “muito” ou “um pouco” o dia-a-dia das famílias, e para poder pagá-la 40% diminuíram ou deixaram de comprar roupas, sapatos e eletrodomésticos.
Ainda, 22% diminuíram a compra de alimentos básicos para garantir a energia em suas casas, índice que chega a 28% entre os nordestinos. Além disso, 14% deixaram de pagar contas básicas como as de água e gás encanado.
O levantamento aponta também uma mudança de comportamento dos brasileiros para tentar diminuir a conta de luz: 49% afirma ter adotado ações como tomar banho mais rápido e desligar as lâmpadas, e 44% dizem ter deixado de usar ou ter reduzido o uso de eletrodomésticos que consomem muita energia.
Muitos foram além: 42% substituíram lâmpadas por outras mais econômicas, e 23% passaram a evitar o consumo de muita energia nos horários de pico. Só 5% declaram usar fontes alternativas renováveis, como a solar, e 18% não mudaram seus hábitos.
Preocupação com custos e racionamento
A pesquisa evidencia também que as crises hídrica e energética são amplamente reconhecidas pela população e trazem grandes preocupações: 79% ouviram falar da crise hídrica, e 68% da crise energética.
Nove em cada dez se preocupam com a possibilidade de racionamento ou de apagões no futuro próximo, sendo 70% aqueles que dizem se preocupar muito. A preocupação é maior nas capitais e nas cidades de seu entorno.
Seis em cada dez entrevistados dizem ter gasto mais energia este ano, e nove em cada dez notaram o aumento na conta de luz. O governo federal (47%) e os governos estaduais (43%) são apontados como os principais responsáveis por esse aumento, seguidos pelas empresas de energia (32%) e as usinas hidrelétricas (20%). Por outro lado, 71% afirmam não ter tomado conhecimento sobre as propostas do governo federal para a redução voluntária no consumo.
O brasileiro não está nada otimista em relação ao futuro da conta de luz: 76% afirmam que ela vai aumentar ano que vem, sendo que 51% acham que vai “aumentar muito”. Apenas 12% acham que continuará igual, e 7% acreditam em contas mais baratas.
Quase 90% dos os brasileiros temem possíveis aumentos no preço da conta de luz em casa no ano que vem. Cerca de 66% dizem ter “muito medo” de possíveis aumentos, 23% “um pouco de medo”, e 8% não têm medo algum. Três em cada quatro brasileiros acreditam que o custo da energia vai elevar os preços dos produtos básicos. No Nordeste, esta percepção chega a 81%.
A grande maioria, 70%, considera que houve descaso do governo federal no enfrentamento da crise hídrica. E pensando no futuro, a pesquisa revela que o país não está otimista em relação ao impacto das mudanças climáticas: 88% avaliam que as mudanças climáticas estão impactando o regime de chuvas no Brasil, e para 56% dos brasileiros, as mudanças no clima vão piorar o volume de chuvas no futuro.
Percepção positiva sobre fontes renováveis
A população tem uma percepção positiva sobre as energias renováveis. Nada menos do que 81% querem que elas sejam ampliadas. Para 69%, as renováveis agridem menos o meio ambiente, e 64% dizem que o investimento em energia renovável contribui para gerar empregos.
Metade (50%) acha que elas são mais baratas do que as não renováveis, mas 31% acreditam que sejam mais caras. A confiabilidade das renováveis é alta: para 59%, elas são tão confiáveis quanto as convencionais, enquanto 25% as veem como menos confiáveis.
Por fim, a pesquisa mostra a demanda da população com relação à ampliação da energia limpa no país e entende que esse tema deveria ser uma prioridade para os(as) presidenciáveis no ano que vem.
A maioria dos brasileiros (77%) afirma que propostas para ampliar o uso de energias renováveis no Brasil deveriam ser uma prioridade dos(as) candidatos(as) à Presidência da República no ano que vem. E 81% dizem que propostas que visem evitar a ocorrência de crises hídricas no futuro deveriam ser priorizadas pelas candidaturas.
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Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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