Especial: Preços dos equipamentos solares tendem a seguir pressionados

Especialistas acreditam na manutenção do cenário de escassez de matéria-prima, câmbio desfavorável para o Brasil e custo elevado do frete internacional no segundo semestre de 2021

ENERGIA SOLAR
Foto: Reprodução/Shutterstock

Os preços dos equipamentos para os sistemas de energia solar no Brasil tendem a seguir pressionados no segundo semestre em razão da manutenção do cenário de escassez de matéria-prima (principalmente do silício policristalino), câmbio desfavorável e custo elevado do frete internacional. A expectativa dos especialistas ouvidos pelo Portal Solar é de que ao menos o dólar apresente alguma estabilidade.

Uma análise recentemente publicada pela IHS Markit aponta que os preços de módulos devem permanecer altos em 2021. De acordo com artigo assinado pela diretora executiva de tecnologia de geração limpa da consultoria, Edurne Zoco, a cadeia de suprimento registrou picos de preços no segundo trimestre de 2021, incluindo silício policristalino, cobre e aço, o que tem pressionado fabricantes. “Havia expectativa de que os custos de produção poderiam cair, mas estamos vendo justamente o oposto”, disse Zoco.

Ela ainda prevê que os custos de frete também não devem reduzir neste ano. “A indústria solar é uma das mais afetadas em razão da alta concentração da produção na China. Custos altos de fretes também impactam outros componentes, como rastreadores solares, incidindo no custo total de capex dos sistemas”, pontuou Zoco.

O diretor da consultoria especializada no segmento de energia solar, Marcio Takata, explicou que há uma defasagem de três meses entre os preços internacionais e a percepção de aumento de custos no mercado brasileiro.  "Agora nós iremos começar sentir a elevação dos últimos três meses nos estoques das empresas de distribuição do País, e o preço vai continuar subindo no mercado internacional, o que indica que os custos tendem a crescer no segundo semestre”, disse o executivo.

“Houve um aumento importante no custo das matérias-primas, especialmente o silício, e os preços vem subindo desde o ano passado, acelerando essa subida nos últimos meses. Isso foi provocado por um conjunto de fatores, incluindo alta da demanda e restrição na oferta”, detalhou Takata.

A sócia da G2A Consultores, Mariana Galhardo, acredita que a redução do dólar e a previsão de crescimento econômico do Brasil tendem a reduzir o impacto da alta do custo da matéria-prima. “O silício está em uma trajetória de alta, é um fator danoso e um ponto de atenção. Algumas empresas que importam equipamentos constataram aumento de até 25% no preço de janeiro para cá", disse a executiva.  “O trade-off é o câmbio. Se chegar abaixo de R$5,00, vemos tendência de manutenção dos preços dos equipamentos, não de alta”, acrescentou.   

O Relatório Focus do Banco Central divulgado na semana passada mostra projeções médias de R$ 5,30/ US$ 1,00 ao final de 2021. Porém, especialistas do mercado financeiro acreditam que, com decisões relacionadas a taxa de juros e sinalizações da economia dos Estados Unidos, a cotação pode cair abaixo da faixa de R$ 5,00.

O CEO da Dinâmica Energia Solar, Windson Bernardo, vê o ambiente como desafiador para o setor solar. “Por ser um mercado mundial, sofremos muitas variações bruscas. Nós tivemos problemas desde o início da pandemia de Covid-19, como a falta de vidro para fabricar módulo fotovoltaico. Depois foi o silício que disparou o preço. Tem também a questão de dólar, que faz com que seu estoque durma barato e acorde caro, ou vice-versa”, disse o executivo.

“Além disso, tem o frete marítimo. Nós vimos um contêiner que custava US$ 1 mil passar para US$ 4.500, depois pra US$7.500 e chegar a US$ 10 mil em menos de um ano. Foi uma das situações mais absurdas que eu já vi. Essa incerteza e essa variação brusca existem em diversos fatores, é um mercado desafiador”, completou Bernardo. 

O diretor de desenvolvimento de novos negócios da AES Brasil, Bernardo Sacic, declarou os embora os preços dos painéis solares estejam se estabilizando, ainda permanecem em patamares muito acima ao período anterior à pandemia de covid-19. “Nós tínhamos preços de painéis no início do ano passado por volta de US$ 0,18 por Watt. Em 2021 já tivemos por volta de US$ 0,28/Watt, se estabilizando por volta de US$ 0,24/Watt”,disse durante transmissão online do evento AES Brasil Day.

“Há uma volatilidade muito grande de câmbio e nos materiais metálicos, principalmente. Embora a eólica tenha sofrido muito com isso, a solar sofreu mais, os painéis são equipamentos totalmente importados, houve uma grande flutuação de consumo desses produtos nos EUA e na China, e a variação do preço dos metais impactou muito isso”, completou Sacic. 

Outro fator citado como atenuante dos custos por Takata são o ex-tarifários, mecanismo de redução no imposto de importação para produtos sem fabricação no Brasil, que vem sendo adotados pelo governo desde o ano passado para reduzir valor das alíquotas de alguns equipamentos fotovoltaicos.

  

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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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