Brasil lidera ranking de conta de luz mais cara para a população

País tem o maior custo de energia residencial em relação à renda per capita entre 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)

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O Brasil apresenta o maior custo de energia elétrica residencial em relação à renda per capita entre 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O ranking foi elaborado pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace Energia).

O indicador foi construído considerando dados de tarifa residencial para o Brasil, tarifas residenciais de países da OCDE e PIB per capita, conforme informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Internacional de Energia (IEA) e Fundo Monetário Internacional (FMI). Todos os dados se referem a 2022.

O levantamento mostra que, dentro do orçamento das famílias, o impacto do gasto com energia pesa mais para brasileiros do que para consumidores que vivem em economias com renda mais alta, como Estados Unidos e Espanha, e até mesmo entre aqueles que moram em países emergentes, como Chile e Turquia.

Taxas e subsídios

Segundo a Abrace Energia, apenas pouco mais da metade (60%) do valor da conta de luz está ligada à geração, transmissão e distribuição da energia elétrica. O restante é composto por taxas que bancam políticas públicas, subsídios, impostos e ineficiências do setor.

Uma projeção da entidade indica que os brasileiros vão pagar cerca de R$ 10 bilhões ao mês a mais na conta de luz em 2023, só para custear tributos e subsídios. Ao contabilizar todo o ano, o valor chega a R$ 119 bilhões.

Na conta de luz, o dinheiro do consumidor garante recursos para diversos setores e fundos, que muitas vezes não têm relação com a área de energia elétrica. Há verbas destinadas, por exemplo, para os segmentos rural e de irrigação, água, esgoto e saneamento. A maior despesa é com a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que deve receber das tarifas dos consumidores cerca de R$ 30 bilhões neste ano.

O presidente da Abrace Energia, Paulo Pedrosa, explica que os brasileiros pagam caro e várias vezes pelo custo da energia elétrica. “Além da conta de luz residencial, toda vez que um cidadão compra um pão na padaria, uma camiseta para o filho ou um saco de cimento para a construção da casa, por exemplo, está também pagando a energia embutida naqueles produtos. Hoje em dia, numa família, um quarto do que ela gasta por mês é com energia."

A elevada quantidade de subsídios também cria uma espécie de círculo vicioso. Quanto mais eles sobem, mais o consumidor paga em tributos – já que os impostos incidem, proporcionalmente, sobre esses subsídios. "Se houvesse diminuição no subsídio e nos impostos, a vantagem competitiva que o Brasil tem por possuir uma matriz renovável se evidenciaria", ressalta o executivo.

Confira os subsídios e as taxas mapeados pela Abrace e seus custos para este ano:

  • Eficiência energética: R$ 939 milhões - Fundo com o objetivo de promover a eficiência do setor elétrico;
  • Pesquisa e desenvolvimento: R$ 939 milhões - Fundo para desenvolver a pesquisa do setor;
  • Proinfa: R$ 5,45 bilhões - Programa de compra de energia renovável;
  • Conta de Desenvolvimento Energético (CDE): R$ 29,57 bilhões - Banca subsídios para desenvolvimento regional, saneamento, da agricultura e até para fontes caras e poluentes, como o carvão e o diesel;
  • Reserva: R$ 12,16 bilhões - Conta que o consumidor paga para garantir a segurança do sistema;
  •  Encargos do Serviço do Sistema (ESS) Elétrico: R$ 244 milhões - Abriga o custo das termelétricas;
  • Iluminação pública: R$ 5,34 bilhões - Valor pago aos prefeitos para garantir a iluminação das cidades;
  • Perdas não-técnicas: R$ 6,779 bilhões - Recursos pagos pelo consumidor para compensar a energia furtada do sistema;
  • Impostos: R$ 58,44 bilhões

Custo da energia/Renda Per Capta

O indicador ilustra o custo de comprar 200 kWh de energia elétrica em cada país em comparação com o PIB per capita. Conforme a Abrace, essa comparação é mais adequada do que a mera comparação entre tarifas pois dá uma sensibilidade do quanto o custo de um mesmo volume de energia realmente impacta a população de cada país.

Confira o ranking:

PosiçãoPaísIndicador
Brasil0,003784
Rep. Tcheca0,0027
Grécia0,002523
Espanha0,002373
Costa Rica0,002301
Itália0,002245
Chile0,00221
Letônia0,0022
Eslováquia0,001937
10ºPortugal0,001895
11ºPolônia0,001881
12ºHolanda0,00175
13ºTurquia0,001686
14ºLituânia0,001682
15ºBélgica0,001678
16ºGrã-Bretanha0,001672
17ºEstônia0,001634
18ºDinamarca0,001558
19ºAlemanha0,001435
20ºHungria0,0012
21ºEslovênia0,001151
22ºFrança0,001025
23ºAústria0,00095
24ºFinlândia0,000933
25ºNova Zelândia0,000836
26ºSuécia0,000766
27ºCoreia do Sul0,000662
28ºIrlanda0,000601
29ºNoruega0,000584
30ºSuíça0,000497
31ºCanadá0,000454
32ºEUA0,000396
33ºIslândia0,000326
34ºLuxemburgo0,000319
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Ricardo Casarin

Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.

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