Armazenamento de energia é tema de debate no 360 Solar
Principais tecnologias e tendências do segmento serão discutidos por especialistas durante o evento, realizado em 6 e 7 de novembro em Florianópolis (SC)


O 360 Solar, um dos principais eventos do mercado brasileiro de energia solar, terá sua 5ª edição realizada em Florianópolis em 06 e 07 de novembro. Especialistas e players do setor serão reunidos para debater tendência e apresentar novidades durante os dois dias de congresso e feira.
Um dos principais temas desse ano é o armazenamento de energia. Uma mesa discutirá as principais tecnologias e as tendências que impulsionam sua aplicação em sistemas renováveis, na mobilidade elétrica e na estabilidade da rede.
O painel será moderado pelo coordenador do laboratório do Centro de Pesquisa e Capacitação em Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (FV-UFSC), Ricardo Rüther, e contará com presença dos palestrantes:
- Sergej Diel (THI)
- Sydney Ipiranga (Energia Plus Brasil)
- Alexandre Gomes (Matrix Energia)
- Torsten Schwab (GIZ)
Suporte à transição energética
Em entrevista ao Portal Solar, o diretor de digital power da Matrix Energia, Alexandre Gomes, falou sobre a importância dos sistemas de armazenamento de energia por baterias para o suporte da geração renovável.
Como avalia o cenário atual de demanda e adesão de tecnologia de armazenamento no mercado brasileiro? Quais as principais oportunidades e desafios?
Em uma visão geral, o setor elétrico brasileiro vive um momento de profunda transformação. Temos uma matriz majoritariamente renovável, baseada em fontes como a hídrica, a eólica e a solar, que garantem diversidade e um dos menores índices de emissões do mundo. Isso é um grande ativo do país.
Por outro lado, o setor enfrenta desafios importantes. A integração das fontes intermitentes ao Sistema Interligado Nacional exige soluções que assegurem estabilidade e confiabilidade. Há também questões relacionadas ao curtailment, à necessidade de soluções de armazenamento em larga escala — com destaque para o BESS — e à pressão crescente sobre os custos da Conta de Desenvolvimento Energético, a CDE.
Além disso, estamos em um ambiente regulatório em evolução. O debate sobre o mercado de capacidade, os projetos em sandbox regulatório e as medidas provisórias recentes, como a MP 1.300 e a 1.304, mostram que o setor está se ajustando para manter equilíbrio entre competitividade, segurança energética e modicidade tarifária.
O Brasil está diante de uma grande oportunidade: acelerar a inovação, investir em digitalização e ampliar o mercado livre. Mas, para isso, é essencial avançar rapidamente na modernização regulatória e na viabilização de novos modelos de negócios. Só assim conseguiremos sustentar o crescimento da demanda e consolidar um setor mais eficiente, competitivo e preparado para o futuro da energia.
Onde estão as principais demandas por armazenamento de energia atualmente no Brasil? Como se diferenciam os segmentos de geração distribuída e geração centralizada nesse sentido?
As principais demandas por armazenamento de energia no Brasil estão concentradas em dois eixos: garantia de estabilidade do sistema elétrico e suporte à expansão da geração renovável. Atualmente, observamos um crescimento mais rápido das aplicações em projetos comerciais e industriais. Nos casos de geração distribuída, o armazenamento tem papel estratégico para otimizar o autoconsumo, reduzir a dependência da rede e garantir previsibilidade de custos.
O avanço da geração distribuída, somado à abertura do mercado livre para pequenos e médios consumidores, deve ampliar ainda mais essa demanda nos próximos anos. Já no ambiente de geração centralizada, o foco está em projetos que aumentam a confiabilidade e flexibilidade do Sistema Interligado Nacional.
As baterias em larga escala — como os sistemas BESS — são vistas como instrumentos fundamentais para mitigar o curtailment de usinas eólicas e solares, armazenar excedentes de produção e fornecer serviços ancilares, como regulação de frequência e reserva de capacidade.
Em resumo, enquanto a geração distribuída busca autonomia e eficiência econômica, a geração centralizada prioriza segurança e estabilidade do sistema. Ambos os segmentos, no entanto, apontam na mesma direção: a consolidação do armazenamento como um pilar essencial para a transição energética e para o futuro do setor elétrico brasileiro
O armazenamento de energia é a solução para o curtailment? Qual a viabilidade desta aplicação nas grandes usinas renováveis?
O curtailment ocorre quando o operador do sistema elétrico reduz a geração de energia de uma usina, mesmo havendo capacidade técnica disponível para produzir. No Brasil, esse fenômeno afeta principalmente as usinas eólicas e solares, resultado de restrições na transmissão, excesso de oferta em determinados horários e da necessidade de preservar a estabilidade elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN).
As consequências são significativas. Em primeiro lugar, representa desperdício de energia limpa e renovável, já que investimentos são feitos para gerar eletricidade que não é aproveitada. Além disso, eleva os custos sistêmicos, pois os consumidores acabam arcando com encargos relacionados ao acionamento de outras fontes e à manutenção de usinas térmicas em prontidão, mesmo com energia renovável disponível.
Para mitigar esse desperdício, diversas soluções estão em desenvolvimento, combinando infraestrutura, regulação e inovação tecnológica. Entre elas, destaca-se o armazenamento de energia (BESS), que permite captar o excedente renovável em momentos de baixa demanda e disponibilizá-lo nos horários de pico. Essa tecnologia não apenas reduz o curtailment, como também oferece serviços de resposta rápida de frequência e suporte de potência, fortalecendo a confiabilidade e a eficiência da rede elétrica nacional.
Como é a atuação da Matrix com esse tipo de solução?
A Matrix Energia atua em múltiplas frentes que refletem a ambição de ser protagonista da transformação energética no Brasil. Por meio de soluções integradas, a empresa combina escala, inovação e sustentabilidade para atender a diferentes perfis de clientes e impulsionar a transição para uma matriz mais eficiente e limpa.
A estratégia da Matrix sempre parte da necessidade do cliente para a estrutura de ativos, e a empresa lidera o maior projeto de baterias (BESS) voltado aos segmentos comercial e industrial no Brasil, em parceria exclusiva com a Huawei. A iniciativa reforça a infraestrutura energética dos nossos clientes, proporciona mais previsibilidade de custos e amplia a flexibilidade na gestão de consumo.
Em São Paulo, a Matrix Energia em parceria com a prefeitura da capital já atua como a primeira empresa da América Latina a implantar o BESS nas garagens de ônibus. Os contratos preveem, até 2026, a instalação de infraestrutura em 44 garagens, com mais de 500 MWh em BESS e 700 carregadores rápidos.
Na sua visão, qual a importância de eventos como o 360 Solar para o mercado de energia solar brasileiro? Quais são as suas expectativas?
Eventos como o 360 Solar são fundamentais para o fortalecimento e a evolução do mercado de energia solar no Brasil. Eles reúnem empresas, especialistas e formuladores de políticas públicas em torno de um mesmo propósito: discutir caminhos para acelerar a transição energética e ampliar o acesso a fontes renováveis no país.
Esse tipo de encontro estimula a troca de conhecimento, o surgimento de parcerias estratégicas e a geração de novas oportunidades de negócios, elementos que impulsionam a inovação e a competitividade do setor.
Mais do que uma vitrine tecnológica, o 360 Solar é um espaço de construção coletiva, onde debatemos regulação, financiamento, infraestrutura e sustentabilidade com uma visão de futuro. Participar deste movimento é reafirmar o compromisso da nossa empresa com o desenvolvimento de uma matriz energética mais limpa, eficiente e acessível para todos os brasileiros.
360 Solar
O 360 Solar será realizado no Centro de Convenções de Florianópolis (Centrosul) em 6 e 7 de novembro. Mais informações sobre a programação e ingressos para o evento podem ser encontradas no site: https://360solar.com.br/

Ricardo Casarin
Repórter de economia e negócios, com passagens pela grande imprensa. Formado na Universidade de Metodista de São Paulo, possui experiência em mídia impressa e digital e na cobertura de diversos setores como petróleo e gás, energia, mineração, papel e celulose, automotivo, entre outros.
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